sexta-feira, 17 de julho de 2009

Muitas coisas disseram e eles acreditaram: que criança gerada em lua de mel seria a mais bem afortunada de todas; um filho com nome de anjo da guarda teria a sorte mais dourada que de todas as outras pessoas. A criança da lua de mel morreu aos cinco dias de nascido, e sob o abalo desta ruptura decidiu-se muita coisa, inclusive por se eliminar o misticismo da casa.
Duas crianças sem a mágica para nomes de anjos nasceram, e receberam nomes pagãos e sem a proteção e todo o amparo que um dia houvera sido almejado. Havia muitas arestas, muitas mágoas: aquele sentimento que persiste acima de alguma coisa aparentemente simples que se realizou a muito custo.
A vida seguia pacata, um sentimento morno perfumando a casa. Amor que para fazer um lar simplesmente não bastou. Os irmãos crescendo como num sonho alheios de um sentir real, como porcelanas bonitas com arabescos que os pais não compreendiam porque a beleza vinda do desespero não se reconhece; o assombro pela criança que apenas por representar um antes há muito perdido era querido. Um amor frustrado que da segunda vez tinha que ser lapidado até a verdade lhes doía, não era assim que o mereciam.
Saíram de casa sem dramas ou perdas. Não sabiam se queriam filhos, amores em mosaicos, nunca especularam. E tudo veio não como era posto que fosse: crianças que não esperaram por luas de mel, mesmo assim mágicas e fortes como anjos porque o que havia não era expectativa, era amor.