terça-feira, 20 de março de 2012

Setúbal


Não sei se o que você não me disse
foi para eu amar mesmo ou se para 
me confundir nos seus quebra-cabeças
meio inteiros nas metades do não;
se no centro da multidão 
que sou eu você cedeu, 
sem poder.


Do encontro não dei
mais ouvidos e sem
sentidos mergulhei
nuns mil devaneios meus
concentrados em sua volta:
uma cerveja, muitas memórias, 
pássaros, alguma fumaça, 
cafés, lençóis.


Depois até mais e para
que eu não visse nossas 
circunstâncias impossíveis
ma(i)s prováveis
entre alguns risos, um
mal-entendido e as despedidas
Houve aquela de vacilar uns minutos 
como se não fosse
jamais.


E não era e não era e não é ainda (você) e
"Será?" ecoando pelas
quarenta e oito horas
menos oito de sono ao total
felizes no que era demais
para ser verdade ou
qualquer coisa além
de miragem.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Sorte estranha

Um poema que valha
todas as penas desta
sorte estranha.


Na pobreza das rimas, 
nas sílabas inexatas, 
pela métrica mal contada,
seja ele a voz dos meus enganos.


E se espalhe sem siso
A palavra acima dos mitos
Acalme ou trance gargantas, 
que o verso se adiante
aos desvarios das moças tristes, 
ao desespero dos novos amantes
à placidez dos sonhos bonitos.


Que o verso diga, livre,
como profecia
o movimento do mundo.