domingo, 18 de dezembro de 2011

Perestroika

O que eu entendia por amor você foi
Até Luiza virar majestade com
Seus olhos castanhos brilhantes de ardis
E o rosto tolo no êxtase da minha alegria
Emprestada e nunca devolvida.

Meus olhos negros e duros de rímel
Para que ficassem bonitos
Irradiavam tudo o que eu calara
Com meu batom tatuado na cor errada
[apenas para que você visse]
Diminuindo ainda mais meu
Vocabulário sentimental já limitado.

Em noites de lua cheia como esta
Fica o ressaibo dos meus silêncios oportunos
Retumbando sobre seu
Derramar de juras irresponsáveis,
porém críveis
de você, surpresa, veio o baque e nenhum riso.

Mesmo o mar reuniu para si a previsão
de minha angústia diáfana:
choveu por dias a fio e
o frio da brisa era o mesmo que
minha alma encerraria em seu mais novo cárcere.

Bendita sexta-feira sem paixão
Em que eu deixei que você deslizasse
Para o sumidouro de suas razões sempre escusas
Enquanto ainda não era tudo amargo.

Havia em mim muitas saudades nos dias
Em que agonizava em diatribes
Então deixei que me adoçasse
O alívio por ser despojada
Do que era bambo e fingido
E eu entendesse amor não mais como você, 
E sim como vontade.