Hoje eu pensei bem mais em Orides Fontela
Que em você
Pudera
"Matar o amor liberta",
Matar você não posso,
Acabar com isso não consigo.


Então todo dia eu torço
Por um daqueles finais alternativos
Que planejo diligente
Enquanto me admiro
Com seus artifícios
Cada vez mais patéticos
Para se ver livre e 
Correr para longe.


O que não foi dito embolorado
Desintegrando a mentira que é tudo isto:
você já está longe (ou nunca esteve perto)
e eu já não quero (talvez nunca o tenha querido)
Fazer as contas 
do equívoco que nos resta.

Mulher Fruta

Me pegue de vez e sou
amarga,
Amarro todos os sentidos.


No tempo certo sou 
toda doçura
Desmanchando feliz
em teus lábios.


O mesmo calor que 
me nutre e adocica
Me azeda e resseca
Se desmedido.


Se não sorvida
Antes que seja passa
Não se preocupe: 
além da casca e doce suco, 
minha semente é dura, 
cresço de novo 
para mais um desfrute.

Meu amor, muito me alegra
Ser tua estrela-guia e por isso
Minha prece mais sincera:
Por mais que eu mereça e
Mesmo que veja
Luas de ágata, sóis de citrino, cometas
Ao meu redor em dossel
Não querido, não perca
A imensidão dos seus olhos
Num pedacinho de céu.

*Poema vencendor do 2º lugar do concurso de poesia do Salão de Humor do Piauí, o Riso Poético, primeira edição