Mata todas as histórias bonitas e
As corta com suas garras
depois as varre
com seus urros.
Toda criação vacila
Ao sentir seus passos
Saindo do esconderijo.
Não sei se felino, lobo,
Serpente ou ave de rapina-
O bicho vem sorrateiro, de
repente
Sem que eu possa senti-lo.
Fica enjaulado
Entre minhas costelas, de tocaia
Mas se atiçado, avança
E crava os dentes
no que estiver a vista.
Então parece que descarna meu
coração
Para que ele bata fora frio feio
Carne exposta nua de desgosto de
mágoa.
O bicho se solta nestes dias
Chuvosos e aniquila tudo
Com seus olhos furiosos-depois o
dilúvio
Leva os restos e eu fico sem
abrigo
De peito aberto.
Parece-me que cicatrizo apenas
Para esperar que o bicho retorne.