quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ataque

Em mim mora um bicho que
Mata todas as histórias bonitas e
As corta com suas garras
depois as varre
com seus urros.

Toda criação vacila
Ao sentir seus passos
Saindo do esconderijo.

Não sei se felino, lobo,
Serpente ou ave de rapina-
O bicho vem sorrateiro, de repente
Sem que eu possa senti-lo.

Fica enjaulado
Entre minhas costelas, de tocaia
Mas se atiçado, avança
E crava os dentes
no que estiver a vista.

Então parece que descarna meu coração
Para que ele bata fora frio feio
Carne exposta nua de desgosto de mágoa.

O bicho se solta nestes dias
Chuvosos e aniquila tudo
Com seus olhos furiosos-depois o dilúvio
Leva os restos e eu fico sem abrigo
De peito aberto.

Parece-me que cicatrizo apenas
Para esperar que o bicho retorne.