Como em tudo que faço,
Tomei o caminho mais árduo
Cheio de reentrâncias e curvas
Dispensáveis.
Pensei estar a salvo,
Equilibrada e de rumo tomado
Até você ser daquela mulher
Branca e correta, além de
Sã e centrada.
Da mulher correta-não bondosa, pia ou ética
Por descrever correção em sentido estrito:
Esta que não perderá tempo
Precioso
Com nada além de acordes fáceis, finais felizes
E receitinhas que agradem o marido.
A mulher é rocha rara
Montanha de mármore imaculado
Enquanto sou água e adentro os meandros do
Impossível.
Voluptuosa e sem decoro,
A escolha desprezível.
Tenho bebidas, cigarros e sorrisos
Em demasia,
Além de amigos mal comportados
Que gargalham e saltam às vistas
Além de não organizarem
chás-da-tarde
vienenses, os pobres coitados
que não entendem de artes
ou perspectiva.
Meus vestidos coloridos, cabelos desalinhados
Não uso maquiagem nem que paguem
Com seu amor por isto.
Seria uma ótima mulher sem vaidade,
Mas se assim servisse para você,
Me pintaria como Candy
Darling.
O futuro do pretérito pinta em tons muito tristes,
Não seria ou serei nada;
Agora a mulher correta e alva desfila:
Véu, grinalda, arroz
nos cabelos e
Aliança no dedo.