I.
O coração se abre numa ferida que arde
Carne viva que queima em sangue,
sal, mágoa
Enquanto se espera o olvido.
Pelo meu corpo
Outras marcas
Dentes, lutas
Provas vivas
De que o esquecimento
[simplesmente
Não existe.
Mas faz falta
E faz medo.
Tanto que assaltam meus sentidos
As memórias doloridas.
Um escândalo anuncia-se
Em ondas milimétricas
Vagueando em minha pele
Numa brisa fria e úmida
Que se condensa em minha testa.
Apenas outro dos fantasmas
Deitando seu corpo gélido
E seu peso mórbido
Sobre meus frágeis ossos.