sexta-feira, 27 de junho de 2008

I.

O coração se abre numa ferida que arde
Carne viva que queima em sangue,
sal, mágoa
Enquanto se espera o olvido.

Pelo meu corpo
Outras marcas
Dentes, lutas
Provas vivas
De que o esquecimento
[simplesmente
Não existe.

Mas faz falta
E faz medo.
Tanto que assaltam meus sentidos
As memórias doloridas.

Um escândalo anuncia-se
Em ondas milimétricas
Vagueando em minha pele
Numa brisa fria e úmida
Que se condensa em minha testa.

Apenas outro dos fantasmas
Deitando seu corpo gélido
E seu peso mórbido
Sobre meus frágeis ossos.

7 comentários:

AnaLoo disse...

A última estrofe é tão contraditoriamente perfeita de um jeito que eu não sei explicar... Fragilidade de ossos e pesos de fantasmas... E é assim mesmo.

Anônimo disse...

Entre a perda e a saudade o que equilibra o corpo são as (boas) memórias.

Anônimo disse...

Frases deliciosas aqui.

Jules disse...

seu poema me fez sentir algo jah sentido q nao sei oq é...mas me parece real..me pareceu guardo...
amei!

Mauro Espíndola disse...

O coração se abre numa ferida que arde
Carne viva que queima em sangue,
sal, mágoa

esses três versos são tão fortes, eles abrem o poema com tal voracidade que o leitor precisa lê-lo ate o fim para sentir toda a emoção.

Padmei disse...

amei ^^ o esquecimento é impossível. e acho adorável o uso do verbo olvidar, lembra manoel bandeira.

Universo Cidade disse...

Mas faz falta
E faz medo.
Tanto que assaltam meus sentidos
As memórias doloridas.
meu deus
eu adorei ,vc brinca c as palavras
adoro quem faz isso beijos