terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sair assim sumindo entre meus restos

É um favor que te faço, eu sei.

A perda lhe sairá de graça

E eu deverei

A paga demasiado cara

De praxe

Mais uma de uma vida tão gasta

Mas que não conta sovina

seus lamentos.

O que antes era dor vivida em um mês

Debruça-se sobre esta tarde:

Nunca esquecerei

Que a cor deste ocaso

De sangue e nuvem

Pertence a mim

E nunca a desejei.

Lágrimas existem

Apenas pelo tempo

atirado a esmo

E perdido: não sou sensível

a memórias felizes

feitas de sorrisos, cheiros

e cores baças

Não espere por isso.

Antes já fosse

Tarde de fato e as horas

Não mais corressem

Como carruagem alada

Em seus anseios.

E meus desejos galopassem

Velozes como o tempo

Atando-lhe rédeas

Antes que o sol se pusesse

Triste de sangue e nuvens

Desbotadas e gélidas

Arrastando consigo

Minha vida

Sem estrela-guia.

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