terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Chego à terra estranha.
Um susto: todos têm o mesmo cheiro, o mesmo traje.
Os mesmos vermelhos, brancos e lilases sempre agredindo minha vista.
Sempre as mesmas frases, os mesmos gostos- até os gestos! Nada de novo, coisas remoídas. Tudo muito forçado.
Não se pode acusá-los de iniqüidade...
Quem é um pouco lúcido por estar fora disto tudo, logo fica saturado.
Em dias de festa, bebida. E música. Música que parece querer chegar aos céus, mas tomba nos muros e cai pelas valas.
Entre fogos e danças, realmente são únicos.
Eles têm um rei, este povo: um senhor de cabelos brancos e sedosos que faz cerimoniais para os ventos de junho.
Parece que os guia sobre as razões do céu e da terra que ele cria.
Tem lá seus escolhidos, esse cacique: são os mais estáticos, os que em nada se diferenciam.
Um ressentimento chamado por eles orgulho domina a todos.
Para eles, ofuscante é o mesmo que invisível.
Eles não conhecem o divisor entre excentricidade e loucura. Ambas vão para um aconchegante quarto de despejo. Mas de fato, há poucos rejeitos reais pela cidade dignos do exílio. Por medo ou covardia, tudo se congela, tudo pára. E permanece.
E não existe deslumbre ou admiração, por aqui: só é aceita a afinidade.
Enfim, a tribo fechada em suas muralhas de pedra jaz ignorando o diverso que existe em todas as luzes e palmas do espetáculo que é o mundo.

2 comentários:

Daniel Feitosa disse...

lindo, lindo, lindo.

adoro viajar por lugares diversos dessa tão enfadonha realidade. quanto mais telhaes descritos, mais me perco. foi fantástico!

Anônimo disse...

As pessoas estão escrevendo demais tudo aquilo sobre o que eu queria escrever.