Chego à terra estranha.
Um susto: todos têm o mesmo cheiro, o mesmo traje.
Os mesmos vermelhos, brancos e lilases sempre agredindo minha vista.
Sempre as mesmas frases, os mesmos gostos- até os gestos! Nada de novo, coisas remoídas. Tudo muito forçado.
Não se pode acusá-los de iniqüidade...
Quem é um pouco lúcido por estar fora disto tudo, logo fica saturado.
Em dias de festa, bebida. E música. Música que parece querer chegar aos céus, mas tomba nos muros e cai pelas valas.
Entre fogos e danças, realmente são únicos.
Eles têm um rei, este povo: um senhor de cabelos brancos e sedosos que faz cerimoniais para os ventos de junho.
Parece que os guia sobre as razões do céu e da terra que ele cria.
Tem lá seus escolhidos, esse cacique: são os mais estáticos, os que em nada se diferenciam.
Um ressentimento chamado por eles orgulho domina a todos.
Para eles, ofuscante é o mesmo que invisível.
Eles não conhecem o divisor entre excentricidade e loucura. Ambas vão para um aconchegante quarto de despejo. Mas de fato, há poucos rejeitos reais pela cidade dignos do exílio. Por medo ou covardia, tudo se congela, tudo pára. E permanece.
E não existe deslumbre ou admiração, por aqui: só é aceita a afinidade.
Enfim, a tribo fechada em suas muralhas de pedra jaz ignorando o diverso que existe em todas as luzes e palmas do espetáculo que é o mundo.
2 comentários:
lindo, lindo, lindo.
adoro viajar por lugares diversos dessa tão enfadonha realidade. quanto mais telhaes descritos, mais me perco. foi fantástico!
As pessoas estão escrevendo demais tudo aquilo sobre o que eu queria escrever.
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