sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O contrário do amor era isto que estava vivendo. Ódio, desconfiança, pudores, indiferença-tudo isso é conivente com ele. Coexistem, às turras. Flutuam de mãos dadas por sua ambigüidade. Só não pertence ao sentimento o que ele estranha e não toca. Algo mais tênue e mais perigoso até que ele próprio.
Sinto agora o que o amor desconhece.
A busca desesperada por si mesmo é a única coisa que o amor real não alcança.
E é exatamente esse meu encalço. Errado, falso. Todavia, só sei dele.
A verdade do amor e não precisa conhecer a si mesma. Está ali, sempre, iluminada, evidente. Nunca se perde-obviamente, não precisa ser indagada. Nasce e existe, apenas. Até que um dia, sendo notada ou não, morre. Sempre em sua película trancada de orgulho.
O que eu tenho? Do contrário do que queria sentir, do avesso do amor, tudo. Imagens mirabolantes percorrem meu corpo em ondas gélidas. Possuo todo o querer que jamais desejo a alguém. E tanta avidez afasta-me do que realmente preciso. Amor é segredo. Fazê-lo vir à tona com palavras, gritos e gestos é sufocá-lo com uma mágica que ele não precisa. Ir à caça do sentimento é assassiná-lo.
O amor é feito de atos. A minha procura, por devaneios.
E sinto muito: para este equívoco, talvez o mais violento de todos, não há conserto.
Esta verdade é a mais pura violação de mim mesma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amor é uma brincadeira. Um jogo. O ódio existe pra dar graça.

Daniel Feitosa disse...

pensei tanto ultimamente sobre o amor, sobre o tal que me acompanha cotidianamente, mas de nada exato consigo extrair.
será sempre a incógnita, frise-se, boa de sentir.