quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Somos o mesmo corpo.
Mas eu não sei se você tem uma alma ou se é todo o meu susto que lhe faz.
Eu sou a sua imagem. De tudo o que você pensa, eu sou o contrário.
É você, com toda beleza, faltas e falas; meu espelho: não o avesso.
Não pense que me instituindo amarras, me calo.
Você não terá minhas palavras, mas terá meu rosto. E este poderá ser pânico, lágrima ou desgosto.
Nunca ouse dizer que sou indesejada. Se o fizer, eu destruo-quem diria!-toda a luz que lhe forma. Vê como posso ser vingativa, meu amor? Eu não saio da clausura, eu não me importo. Você sim. Sempre se preocupando demais com aquilo que emana. Por esse motivo, é mais divertido ainda quando eu lhe golpeio. Advirto: seu ímpeto de vingança não me amedronta porque o que reside em mim é apenas a provocação da curiosidade. É isso o que tanto a incomoda. Ver-lhe irada atiçaria meus ânimos, me faria ser cada vez mais determinada na exploração das suas profundezas.
Eu estou provocando? Querendo briga? Que nada. Eu gosto da verdade. Mas não daquela arranjada e bonita: eu gosto da verdade que é lapidada por meio do conflito. Eu sou a provocação do conflito consigo mesma. Eu sou o pavio.
Não sou conseqüência ou ameaça porque simplesmente eu existo por conta própria, sem precisar ser definida. Você existe meramente pelo que eu reflito. Você é em linha reta. Mas eu sou o desvio. Nesse caso, a parte não se liberta do todo porque não há um gênio aprisionado. Há um corpo-o seu corpo, o material, não o da imagem-imerso no vácuo das vontades.
Viu, só? Sem esforço, sou todo o seu antagonismo.
Exasperada assim, você nem percebe que é só o meu começo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Honey.

E a Lara tem um blog novo. Pra mim, pelo menos. Vou voltar.

Junker disse...

É bem sexy de uma forma amarga.


Jzccxp foi a verificaçao de palavras para eu postar meu comentario. =)