quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Não faço concessões ao estilo fácil e equivocado dessas composições desengonçadas que primam pelo mau jeito de arrumar as palavras, com apelos a sentimentos bárbaros e sem precedentes tentando aflorar num deserto de comparações pobres e recursos bizarros de linguagem. Não há tranca mais condenável que a clausura dos enfeites. Bonito mesmo é o trabalho sobre o simples para transformá-lo em enigmático. A palavra que de tão rasa parece não conter nada-mas encerra todo o mundo.
Escrevo sobre o que eu sinto sem importar-me se é cabível. Num tom assim desconexo, mas sempre firme. Minha palavra é altiva, não tem escusa. É busca minha, e muito me admira quando alguém compreende.
Desejo apenas dizer. Afinal, esta é a mera função da palavra. Dizer, soprando ou gritando o que eu pressinto pelas letras. As cargas de dor, alegria ou graça? Não sei de onde vêm porque meu texto é isento de sensações minhas. Talvez a mágica das musas me auxilie.
Engana-se quem pensa que escrita tem algum rito, feitiço. Ela tem o saber de si. O resto é mito.

3 comentários:

Anônimo disse...

Embasbacado, se permite, Lara. É o tipo de coisa que eu estou gostando de escrever. Concordo com tudo o que você disse.

Junker disse...

Bom... eu tb concordo. Eu queria comentar algo mais elaborado... mas perdi meu dicionario mental num acidente de carro em 1964. Mas gostei bastante.

Marina Moura disse...

Sou tão desengonçada com as palavras que elas me metem medo.
E me salvam do medo de mim.
Escrevo frases que me pedem para serem escritas, e só. O resto é mito.