Meus indicadores e médios volteiam na veludosa superfície. Querem lhe extrair o viço, remover o castanho que tanto custou ao sol tingir deteriorando-o em um amarelo pálido e tedioso.
Desmonto. Desfaço as estruturas finas imaginando ser o mais árduo obstáculo. Como minha vida. Em relação a esta, nada. A não ser atribuir meus movimentos neuróticos e mínimos a investidas reais de coragem delirada. Tudo ensaiado numa poltrona no meio dos livros e do mofo, onde ninguém me ouve. Onde ninguém precisa me ouvir. Então aferro meus dedos aos fios e ensaio acrobacias de destreza formidável que terminam em górdios embaraços. Tudo culpa do nervosismo.
Percorrendo as espirais, desfaço mentalmente aqueles metafóricos e mais difíceis nós indiferentes à minha fúria.
Marcas sobrepõem-se em meus dedos, vermelhos: até eles estão irritados com este ritual compulsivo. Mas minha loucura transferiu-se a eles. Pequenos e incansáveis maníacos.
Provo da coisa que é um amontoado de fagulhas com seu cheiro de queimado. Tem o gosto do sangue que ao correr por minhas veias, convulsiona meu corpo. Ainda faísca.
Pelo menos o que quer queimar em mim, transfiro para estas cinzas descoradas que impregnam tudo da minha agonia.
3 comentários:
Nós górdios às vezes são mais bonitos que laços passageiros...
Faíscas me interessam. Todos os tipos de faíscas.
os cantos estraçalhados das minhas unhas são o resultado das minhas agonias e obsessões.
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