quinta-feira, 6 de março de 2008

Meus indicadores e médios volteiam na veludosa superfície. Querem lhe extrair o viço, remover o castanho que tanto custou ao sol tingir deteriorando-o em um amarelo pálido e tedioso.
Desmonto. Desfaço as estruturas finas imaginando ser o mais árduo obstáculo. Como minha vida. Em relação a esta, nada. A não ser atribuir meus movimentos neuróticos e mínimos a investidas reais de coragem delirada. Tudo ensaiado numa poltrona no meio dos livros e do mofo, onde ninguém me ouve. Onde ninguém precisa me ouvir. Então aferro meus dedos aos fios e ensaio acrobacias de destreza formidável que terminam em górdios embaraços. Tudo culpa do nervosismo.
Percorrendo as espirais, desfaço mentalmente aqueles metafóricos e mais difíceis nós indiferentes à minha fúria.
Marcas sobrepõem-se em meus dedos, vermelhos: até eles estão irritados com este ritual compulsivo. Mas minha loucura transferiu-se a eles. Pequenos e incansáveis maníacos.
Provo da coisa que é um amontoado de fagulhas com seu cheiro de queimado. Tem o gosto do sangue que ao correr por minhas veias, convulsiona meu corpo. Ainda faísca.
Pelo menos o que quer queimar em mim, transfiro para estas cinzas descoradas que impregnam tudo da minha agonia.

3 comentários:

Marina Moura disse...

Nós górdios às vezes são mais bonitos que laços passageiros...

Anônimo disse...

Faíscas me interessam. Todos os tipos de faíscas.

Anônimo disse...

os cantos estraçalhados das minhas unhas são o resultado das minhas agonias e obsessões.